Pete Towshend representa para mim uma espécie de santo padroeiro, seja pelo seu legado artístico( um dos principais baluartes do que restou do rock’n roll), ou pela sua atitude perante à vida e sua genial musicalidade.
Não apenas um mero destruidor de Teles, Stratos, Sgs, Les Pauls e Rickenbackers(entre outra infinidade de guitarras esmigalhadas) que legitimou o formato ópera-rock ,através de Tommy.Sua responsabilidade sobre grandes avanços da arte, aconteceu de maneira subliminar para a grande massa, assim como a maioria das coisas que valem a pena no rodar da Lusitana Townshend, ao lado de : Bowie, Lennon ,Dylan, Zappa e Hendrix , se caracteriza por mostrar que o rock n’roll não é mera cultura de consumo e sim uma música extremamente poderosa e inteligente, que arrancou aplausos de ninguém menos que Leonard Bernstein, numa da primeiras apresentações de Tommy; ou seja, da mesma maneira que guitarras eram demolidas, Platão e Conrad eram lidos....
Desde a moda da utilização de Unions Jacks( a antiga bandeira inglesa) que cruzou além-mares e ornou cinzeiros e mini-saias ( advindos dos blazers e amplis do Who), seguindo pelos avanços da tecnologia nos estúdios caseiros, do qual Pete foi pioneiro, o desenvolvimento do Stack da Marshall até o link entre cultura pop e espiritualidade, via seu guro Meher Baba, a gênese do heavy metal(fator negado por Pete, apesar do Live at Leeds)e até uso de elementos Wagnerianos e minimalistas no rock, são alguns dos inúmeros legados de Pete.
Uma de suas maiores obras, o disco Who’s Next, surgiu de um acidente de percurso do que seria outra obra, que segundo Pete deveria superar as expectativas em relação ao Who pós- Tommy.
Inicialmente, chamada de Lifehouse ,era um arrojado projeto multimídia que previa uma interatividade entre banda e platéia ; baseava-se no princípio que a arte deva ser um espelho da audiência....
Por uma série de infortúnios, o projeto “foi para o brejo”...desde a falta de tecnologia adequada, até a não receptividade da platéia presente nos ensaios ,chegando aos peculiares abusos de drogas e hedonismos pelo resto da banda e pelo próprio empresário ,conduzindo o guitarrista a uma crise emocional que quase levou-o ao suicídio, em plena Nova Iorque.
Apesar de tudo, ficamos com um dos mais célebres discos de toda a história da música, com grandes hinos como: Baba o’Riley, Behind Blue Eyes , Bargain e Won’t get Fooled Again.
Bem... o fantasma de Lifehouse persegue Pete até hoje(palpite de fã...), vide como o inseriu no seu projeto solo o show “The music of Lifehouse”resgatando alguns audios originais e colocando em seu website(http://www.petetownshend.co.uk/) a chamada frase-moto do projeto: “A música deve servir como um espelho que define a audiência.”.... um tanto psicodramático, não?
A música é uma manisfestação presente desde os primórdios da espécie humana. Segundo alguns especialistas em música hermética, a verdadeira música está presente desde o grito primordial e sua verdade se manifesta até hoje em artistas que têm esta verdade de maneira consciente ou não(viva Hermeto Pascoal!!!).
Todavia, o que vem sendo feito da arte, reflete na verdade o vazio que apresentamos como espécie humana ,um momento histórico interessantíssimo que não mostra muita graça e sim, talvez, um colapso nervoso geral da sociedade...
Cabe aqui um chamado para os músicos, sejam os artistas já consagrados, os que batalham pela sua arte, produtores, professores, engenheiros de som , editores e todos os profissionais desta grande arte:devemos todos ter em mente esse “fator espelho” e tentar refletir o que a platéia tem de melhor.Creio que, melhor papel social o músico não pode ter....
Nenhum comentário:
Postar um comentário